A novela Vale Tudo chegou ao fim, mas o enredo mais intenso parece ter se desenrolado fora da tela.
De acordo com essas fontes, Taís expressou incômodo com o fato de sua protagonista seguir uma trajetória marcada pelo sofrimento excessivo ,algo que, para muitas mulheres negras, ecoa uma velha narrativa de dor e resistência sem descanso. O embate teria se intensificado quando a atriz defendeu uma abordagem mais ampla e humana, capaz de romper o ciclo de personagens negras que lutam muito, mas quase nunca vencem.
Manuela Dias, por sua vez, também teria formalizado uma queixa contra Taís, alegando quebra de conduta por expor o conflito. Nenhuma das duas partes, nem a emissora, se manifestou oficialmente até o momento.
E é aí que a ficção dá lugar à realidade.
O caso reacende uma discussão urgente: quem tem o poder de decidir o destino das personagens negras nas grandes produções? Porque, convenhamos, protagonismo não se mede apenas pelo número de cenas, mas pelo direito de existir em plenitude , com alegrias, conquistas, contradições e humanidade.
Taís Araújo, ao levar o debate para os canais formais da empresa, dá um passo raro e corajoso: ela desloca a questão da “insatisfação individual” para o campo da estrutura institucional. Quando uma mulher negra questiona o roteiro, ela não está apenas defendendo uma personagem; está defendendo a dignidade simbólica de milhões de outras.
Nós acreditamos que a discussão entre Taís e Manuela não é sobre vaidade ou estrelismo. É sobre quem escreve a história das mulheres negras e como essas histórias são contadas. Porque não basta ocupar o centro da cena , é preciso ter voz sobre o texto que nos descreve.
Às vezes o maior drama da novela é convencer o roteirista de que a mulher negra também tem final feliz.
Voz, coragem e elegância em pauta.
🖋️ Por Mulher Negra e Cia
Foto: Internet
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