Empreendedores e Consumidores: A Força Negra que Movimenta a Economia



O Poder de Compra e de Transformação da População Negra Brasileira


A população negra tem se destacado de forma cada vez mais significativa no cenário econômico e no empreendedorismo brasileiro. Seu poder de compra, que atinge impressionantes R$ 1,46 trilhão por ano, supera até o consumo da classe A. Esse dado evidencia o peso dessa população no mercado e reforça a crescente importância da classe média negra. Seu impacto vai além da simples aquisição de bens, ele molda o mercado, criando novas demandas e influenciando diretamente o desenvolvimento do país.


Com uma parcela significativa de consumidores, a população negra não pode ser ignorada pelas marcas e pelo mercado. Pessoas que se identificam como pretas e pardas representam uma fatia considerável do consumo no Brasil, mas ainda enfrentam as barreiras do racismo , que limita o pleno acesso a bens e serviços. Mesmo com o poder de compra crescente, as dificuldades para acessar o mercado de maneira justa são evidentes.

A classe C, onde a maioria da população negra se encontra, é uma das mais relevantes do país, com grande parte de seus gastos direcionados a itens essenciais como alimentação. Esse perfil do consumidor exige que as empresas atendam às suas necessidades de forma inclusiva, com produtos e serviços que não só satisfaçam suas demandas, mas também que as representem de forma genuína. A população negra busca, acima de tudo, se ver refletida nas marcas que consome; e essa busca por representatividade é uma tendência crescente, que não pode ser ignorada.

O que torna essa realidade ainda mais relevante é a alta taxa de pessoas negras com diploma universitário no Brasil. No entanto, esse avanço na educação não se traduz em uma maior inserção no mercado de trabalho  formal qualificado. O que vemos é que, frente à exclusão e às dificuldades de acesso a postos de trabalho formal qualificado, muitos acabam se direcionando ao empreendedorismo. Essa escolha, muitas vezes forçada pela falta de oportunidades, não só revela a capacidade de superação dessa população, mas também evidencia a necessidade urgente de mudanças estruturais para garantir uma inclusão real no mercado de trabalho. E que o empreendedorismo possa ser uma escolha e não uma imposição feita pela barreira do racismo.

O crescimento do número de micro e pequenos empreendedores negros é uma prova disso. As MPEs representam 99% das empresas no Brasil e respondem por cerca de 27% a 30% do PIB. Esse segmento é fundamental para a economia, e sua importância só tende a aumentar. O empreendedorismo negro, mais do que um reflexo da luta por igualdade, é também uma força motriz para a economia, impactando decisões políticas e econômicas, como o resultado de uma eleição, por exemplo.

Por isso, empresas e marcas não podem mais ignorar o poder de compra e a força empreendedora da população negra. É hora de agir, o mercado está mais atento, e aqueles que souberem reconhecer e responder a essas demandas terão a oportunidade de crescer junto com uma das maiores forças econômicas do Brasil.
Texto:  Raka Costa