A FORÇA DOS COLETIVOS NA CONSTRUÇÃO DE UM FUTURO MAIS JUSTO





Os coletivos são formados, em geral, por pessoas que compartilham um objetivo, uma causa ou um propósito comum, e que acreditam na ação colaborativa como ferramenta de transformação. 

A sociedade contemporânea está diante de uma encruzilhada: ou seguimos reproduzindo as desigualdades históricas que excluem e silenciam, ou construímos, juntos, caminhos possíveis para um futuro mais justo, diverso e equitativo. Diante dessa escolha, uma constatação se impõe: estamos vivendo o momento da força dos coletivos.

Mais do que estruturas organizadas, os coletivos têm se mostrado espaços vivos de criação, resistência e transformação. São territórios simbólicos e práticos, onde vozes plurais se encontram para agir de forma conjunta, impulsionadas pela urgência de mudar as estruturas e reimaginar o mundo a partir de outras lentes.

Frente aos desafios sociais mais complexos, como o racismo estrutural, o sexismo e a exclusão de populações historicamente marginalizadas, os coletivos têm oferecido respostas concretas, sensíveis e inovadoras. Por meio da atuação em rede, do compartilhamento de saberes e da valorização das vivências, eles produzem soluções que não apenas corrigem distorções, mas também criam novas possibilidades de existência.

Alguns casos de sucesso confirmam essa tese. O Coletivo Herdeiras de Glória Maria, formado por mulheres negras comunicadoras, atua com o propósito de recontar histórias, ocupar espaços de poder e romper com estereótipos que há décadas moldam a imagem da população negra no Brasil.
Outro exemplo é o Coletivo Frente Negra Online, uma articulação digital que nasceu como resposta à invisibilização das pautas raciais nas redes e ao racismo algorítmico. Com criatividade, mobilização e afeto, o coletivo tem contribuído para a construção de narrativas que fortalecem a autoestima, o pertencimento e o acesso à informação de qualidade para a população negra.

Essas iniciativas mostram que a inovação social nasce da escuta, do encontro e da coletividade. A inteligência coletiva, acionada por essas redes, é capaz de identificar necessidades urgentes, formular estratégias eficazes e transformar realidades com baixo custo e alto impacto. Quando somamos saberes diversos, criamos soluções mais profundas, mais duradouras ,e mais humanas.

Não se trata de idealização. Trata-se de reconhecer que, em tempos de crise múltipla, os coletivos estão apontando saídas. Estão propondo novos paradigmas de liderança, novas formas de organização e novas estéticas de resistência. Estão, sobretudo, dizendo que a mudança não virá de cima para baixo, mas do centro para as bordas, e vice-versa, num movimento que é ao mesmo tempo político, afetivo e estruturante.

Se queremos realmente promover inclusão, diversidade, equidade e justiça social, precisamos ouvir, apoiar e fortalecer os coletivos. Eles não apenas propõem o futuro: eles já o estão vivendo, agora.
Por RakaCosta